sexta-feira, 11 de setembro de 2009


Já, sentindo me caminhar aos poucos com meus próprios pés, posso enxergar .. a vida passa e não tão vagarosamente assim.
Observo aos mesmo tempo imagens dos extremos, os extremos de uma caminhada, os extremos do amor, da magoa, o vencimento de todas as culpas, o presente do perdão. Meu paizinho tão verdadeiro, meu filho, meu grande amor indo-se distante e devagar. Velho homem de passos curtos, andar arrastado, sobrevivente de uma morte impiedosa e covarde, ama a mim ainda, talvez ainda única linda flor em seu pequeno grande coração . Imploro-o que me acompanhe em qualquer circunstância, amo lindamente, saudosamente, infantilmente, culpadamente. Ainda aqui, a meu lado, sinto sua respiração, seus profundos sonos a tarde, sua cumplicidade sem fim, seu abraço tímido e sem jeito, seu choro abafado e constate, o inflar contido de suas bochechas, a magreza que o vício trouxe para confortar, a fraqueza e fortaleza ao falar, o consolo de suas palavras, o aconchego de seu colo sob a almofada, suas mãos leves e enrugadas a segurar, quase que tocando somente, as minhas.
De outro lado, sinto a leveza infantil, doce caçula, vinda repentina e tão dificilmente aceitável circunstância. Pequena menina, de meu mesmo tom de pele, chamada meia irmã, não possui a melhor parte de meus gens, que pena ! Lindo rostinho, desconhecido futuro, em meio a escolhas precipitadas, passos ao escuro, mais uma mulher sob masculina guarda, tão mais velha, tão menos madura, tão continuamente despreparado. Vendo o monstruoso paterno coração dos meus sonhos fundindo-se por tão pequenino ser, seria eu grande demais ?
Ela gosta de sentir-se amada e desejada, desde pequena. Ela já sabe o que é ser linda, ela sorri ao som de minha palavra, ela pensa num sei o que, ela implica com meu cabelo. Mas ela pode, porque é, inevitavelmente linda. E que possa florescer, num habitat tão incerto e infiel, que tenha sanidade e força de vontade, mais tarde, quando puder, assim como eu negar o que quiser e seguir fundo seu coração.

Tão inevitavelmente comprovo que o amor muda tudo de lugar e proporciona aos seres cegos o novo enxergar. Bebê, e de qualquer maneira meu. Não me peça em nenhuma circunstância para deixá-lo ir, assim como não pediu-me para chegar. Tenha em suas mãos meu coração pulsante de amiga, amada, irmã, mãe e neta.
Amo-te, lindos bebês !

Um comentário:

  1. Meu amor, não contive a emoção ao ler tudo isso. É muita emoção junta, não é mesmo? Tudo é tão difícil, e tanto atinge, é difícil até te dizer algo. A caminhada é assim, um ciclo; com início, seu auge, o declínio e o fim. Mas não tem jeito.
    Querida minha, sempre que precisar, busque o conforto em pessoas que te amam, e espero te proporcionar algum. Se o amor tiver essa força, eu conseguirei. Porque te amo MUITO!

    ResponderExcluir